Os nomes próprios tem uma
origem, um sentido, uma etimologia. Alguns surgiram há milhares de anos, e
foram legitimados por incontáveis pessoas que usaram esses nomes ao longo dos
séculos. São nomes carregados de história, de simbologia, de significado. Nomes
com origens no grego, latim, germânico, celta, enfim, permeiam hoje nosso
cotidiano.
É claro que ao usar um nome
latino, pessoas de países anglófonos o adaptaram à sua língua. Assim como o uso
de nomes de raiz germânica em países hispânicos ou lusófonos. Deste modo, um
nome pode ter inúmeras versões em diferentes línguas pelo mundo afora. Essas
versões são o retrato das adaptações linguísticas que cada povo deu ao uso de
determinados nomes próprios.
Podemos concluir com essa
afirmação, que o costume de adaptar nomes de outras línguas para sua linguagem
materna é antigo e válido. Foi assim que Alienor
deu origem a Eleonora. Que Yacobus
deu origem a Jacó e James. Que Chlodovech
deu origem ao nosso bom e velho Luís. Alice, um dos mais populares da lista
brasileira e queridinhos do momento, tem incontáveis versões a partir do germânico
Adalheidis.
Porém, essas adaptações
ocorreram em um momento da história da humanidade em que havia pouquíssimo intercâmbio
cultural entre os povos. As trocas entre determinadas culturas eram bastante
restritas, logo, fazia sentido que os nomes próprios fossem pescados numa outra
nação e “remodelado” para a outra língua. Agora, vivemos em mundo globalizado
onde as trocas culturais são praticamente instantâneas.
Ainda assim, adaptações
ocorrem e com frequência: a fama da Lady Diana fez com que outros países de
língua hispânica ou portuguesa criassem “Daiana”,
uma modificação gráfica que segue a pronúncia em inglês; Assim também ocorreu
com Maicon (Michael), Dienifer (Jennifer), Géssica (Jessica), Rosimeri (Rosemary),
Uiliam (William), Deivid (David), Ruan (Juan). Essas adaptações, embora
totalmente desaconselháveis, são compreensíveis do ponto de vista
prático: Os pais desejam que seja usada aquela pronúncia, e então adaptam a
grafia para atingi-la.
Mas existem outras
adaptações que são bastante temerárias. Uma delas, e que tem sido usada em
larga escala no Brasil – talvez em outros países, que a gente não possui dados
para contabilizar – é a terminação “LLY” em nomes que não tem essa terminação
nem aqui, nem em nenhum lugar ou língua presente neste planeta.
Não se pode dizer que usar Gabrielly em vez de Gabrielle é um desejo de adaptar a pronúncia, já que a pronúncia é
deliberadamente a mesma. Uma das possibilidades é que tenham inspirado todos os
demais nomes com possibilidade de mudar a terminação para “LLY” em Kelly, um nome que
foi extremamente popular nos anos 90, e continua sendo usado ainda hoje (basta
ver os 115 registros em São Paulo, conforme a Arpen/SP de 2014).
Outra hipótese, bem
plausível, é a americanização da cultura brasileira em todos os sentidos.
Assim, colocar “LLY” no final dos nomes pode ser uma tentativa – frustrada,
claro – de “americanizar” um nome, torna-lo semelhante aos nomes usados nos
Estados Unidos, país esse que é usado como referência do que “é melhor”, do que
“é bom”, em detrimento da cultura brasileira ou de outros países. Entretanto, nomes
com LLY usados em inglês também são fruto de adaptações.
No raciocínio dessas
pessoas, quanto mais letras, quanto mais repetições, quanto mais W, K e Y no
nome, mais “americano” ele fica, e por isso é bom, por que é o oposto do que existe
na língua portuguesa, sua língua materna. Mesmo que tais modificações do nome,
se fossem pesquisadas cuidadosamente, não façam parte de nenhuma das variantes
válidas em inglês. Por exemplo, Emily
é um nome válido em inglês e usado no território estadunidense: mas aqui acaba
virando Emilly.
É possível que as pessoas
associem a “americanização” do nome a torna-lo mais chique, elegante, refinado.
Para essas mesmas pessoas, talvez João e Maria sejam nomes bregas, enquanto Raquelly e outros nomes semelhantes
sejam nomes requintados, elegantes, cheios de potencial de sucesso. O ato de
nomear os filhos também é uma espécie de manifestação social, e quem faz isso,
está negando de alguma forma sua própria origem, cultura, nacionalidade,
desejando para o filho o rompimento com isso tudo.
De alguma forma, é a mesma
lógica de pessoas – que possuem um pouco mais de discernimento e informação –
que estão procurando nomes internacionais para os filhos, desejando com isso
que no futuro essa criança seja “internacionalizada”. Ou ainda, a tendência
cada vez mais verificada no Brasil de tirar os acentos dos nomes na hora de
registrar, pois a maioria das línguas não possui ou não usa os acentos como nós
usamos no português. A lógica é a mesma, a única diferença é o grau de
informação e conhecimento sobre a realidade.
O fato é que, se em
determinados círculos sociais essa terminação LLY é considerada elegante ou
bonita, na grande maioria dos outros círculos sociais que a criança vai passar
ao longo da sua infância, ou depois como adulta, esses nomes tem conotação social
ruim. É como uma assinatura, uma marca. Por isso ele é desaconselhável de todas
as formas possíveis. O ato de nomear um filho se rege por um daqueles
princípios em que “MENOS É MAIS”. Elegância é simplicidade, é a escrita
correta, é o conceito de “clean” (limpo).
Um nome com LLY no final
fica automaticamente poluído. Demonstra claramente que os pais não pesquisaram
grafias corretas e nem ligaram para esse detalhe. Mostra que a referência de
sua vida é que qualquer coisa que seja americana é melhor do que tudo que é
brasileiro. E evidencia ignorância, pois esse conceito é muito ultrapassado e
ligado à geração dos anos 80, que tinha os Estados Unidos como modelo – e hoje
sabemos que eles servem de modelo para pouca coisa.
Então, se você quer ser
elegante, fino(a), de bom gosto, esqueça imediatamente qualquer americanização,
se desejar colocar um nome estrangeiro, use, mas pesquise a grafia correta,
caso contrário, use a escrita certa dentro da língua portuguesa. É um cuidado a
mais que você tem com a vida e com o futuro de seu filho.
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Corretíssimo,eu sou: José,João,Maria, etc...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirParabéns pela colocação, Leandro. Vamos marcar nossa geração! Estou para ser PAI pela sexta vez (graças a Deus) e os nomes das 04 meninas terminam em LLY. Essa é a nova história que vamos contar por algumas gerações
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmei sua colocação Leandro,a minha filha coloquei Ranielly e acho lindo não vou por ninguém
ResponderExcluirA minha se chama Gabrielly e sempre sonhei com esse nome e não vou por ninguém também. É o nome mais lindo que acho é se tiver outra filha menina se chamará Emanuelly
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