quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Daiana & Daiane




Daiana é uma invenção bem típica brasileira. Quando a princesa Diana casou-se com o Príncipe Charles, toda a imprensa deu ampla cobertura ao fato: jornais, revistas e televisão só falavam nisso. Nos anos seguintes, a Lady Diana foi assunto preferido dos tabloides e o alvo predileto dos Paparazzi. 

A pronúncia de Diana em inglês, no entanto, é "Daiana", e claro, os brasileiros todos inspiraram-se na princesa e resolveram aportuguesar a pronúncia inglesa. Há tempos atrás eu repudiaria de imediato essa prática de abrasileirar nomes ingleses. Porém, há pouco comecei a me perguntar se não estava sendo cruel demais com a questão do nosso país. 

Aceitamos numa boa a grafia se seja francesa ou havaiana, de um nome clássico, mas de imediato repudiamos uma grafia brasileira. Está certo que nosso país tem apenas 515 anos de feliz civilização e modelou sua sociedade com base nos costumes e língua portuguesa - com boas misturas africanas e indígenas - por isso considero normalíssimo termos uma grafia especial de Diana (Daiana) para a pronúncia que os brasileiros gostam mais. 

Por exemplo, Fatoumata é uma variante de Fátima no Senegal e Mamadou é a variante de Mohammed e não vejo ninguém dizer que é estropiação ou é anormal. Daiana é um nome tão comum e normal na geração dos anos 80, exata década do casamento da Lady Di, que eu só fui notar que ele é uma invenção à brasileira de uns três anos para cá. 

Portanto, se assumirmos que Daiana é uma variante brasileira de Diana, então seu significado é o mesmo. Diana era a deusa romana da caça, cujo nome provavelmente derivou de um antigo significado raiz indo-europeia que quer dizer "celestial, divina", relacionando com Dyeus (Zeus). 

Ainda há uma considerável quantidade pessoas com esse nome e ainda continuam nascendo. Se uma delas ficar na História, como por exemplo uma presidente da república com esse nome, no futuro pessoas dirão "nome com grafia brasileira" e não mais "nome estropiado". Como aconteceu em Portugal com Mafalda, que na verdade é uma variante portuguesa de Mahald, que era um nome germânico, já que os mesmos não conseguiam pronunciar.

É inclusive positivo: Melhor a pessoa adequar a escrita a pronúncia que deseja do que dar o nome David e exigir que as pessoas falem "deivid", ou colocar Giulia e se exigir que se fale Djulia. Se os pais colocassem Diana e ficassem exigindo que as pessoas pronunciassem Daiana é que não faria sentido algum. 

Não podemos pensar que a língua portuguesa já esgotou todas as possibilidades de adaptação. Pensando assim seríamos reducionistas e culturalmente etnocêntricas. Porém, que fique claro que os nomes que temos hoje em dia foram adaptações realizadas durante séculos: Daiana busca um som específico que Diana na língua portuguesa não teria. Mas criar coisas como Karinny, Kemilly e Emanuelly não é adaptar, é colocar enfeite onde não tem e tentar dar uma cara estrangeira para um nome normal. 


Daiana é válido por que pretende alterar a grafia para o modo como se diz. Já Shopfia por exemplo, só visa alterar a grafia para enfeitar e não muda absolutamente nada no modo como se diz. 


Portanto, para fins de conclusão dessa reflexão, vamos assumir, com orgulho da nossa pátria, o Brasil, e sua multiculturalidade, o nome Daiana como uma variante brasileira (SIM) de Diana. 





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