quarta-feira, 13 de julho de 2016

Jurema

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 Jurema, na língua tupi-guarani, é uma palavra usada para designar uma “planta com espinhos”, na maioria dos sites. O Dicionário de Nomes Próprios vai um pouco mais longe e diz que significa “árvore de espinhos de odor desagradável”, a partir da palavra tupi “yu-r-ema”, composta pelos elementos “yu”, que quer dizer espinho, e “rema”, que quer dizer “odor”.

Porém, você mesmo, leitor, pode notar a contradição: os elementos falam em espinho e odor, e nenhum momento “árvore” ou “desagradável”. Isso é pura interpretação de quem transmuta o significado.

Jurema também é nome de uma planta da família das leguminosas muito espinhosa, muito comum no Nordeste brasileiro, cujas folhas podem dar origem a um chá de características narcótica e alucinógena.

Jurema sagrada como tradição mágica religiosa é uma tradição nordestina que se iniciou com o uso da Jurema pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil, tendo sofrido influências de variadas origens, da feitiçaria europeia à pajelança, xamanismo indígena, passando pelas religiões africanas, pelo catolicismo popular, e até mesmo pelo esoterismo moderno, psicoterapia psicodélica e pelo cristianismo esotérico. No contexto do sincretismo brasileiro afro-ameríndio, a presença ou não da Jurema como elemento sagrado do culto vem estabelecer a diferença principal entre as práticas de umbanda e do catimbó. As práticas são um assunto ainda pouco estudado.

Apesar de bastante conhecida no Nordeste do Brasil ainda não há um consenso sobre qual a classificação exata da planta popularmente conhecida por Jurema. A Jurema (Acacia Jurema mart.) é uma das muitas espécies das quais a Acácia é o gênero. Várias espécies de Acácia nativas do nordeste brasileiro recebem o nome popular de Jurema.

As Acácias sempre foram consideradas plantas sagradas por diferentes povos e culturas de todo o mundo; Os Egípcios e Hebreus veneravam a "Acacia nilotica" (Sant, Shittim, Senneh), os Hindus a "Acacia suma" (Sami), os Árabes a "Acacia arabica" (Al-uzzah), os Incas e outros povos indígenas da América do sul veneravam a "Acacia cebil"(vilca, Huillca, Cebil), os nativos do Orinoco a "Acacia niopo" (Yopo) e os índios do nordeste brasileiro tinham na "Acacia Jurema" (Jurema, Jerema, Calumbi) a sua árvore sagrada, a sua Acacia, ao redor da qual desenvolveu-se essa tradição hoje conhecida como "Jurema sagrada".

Na literatura o suco da Jurema aparece no Romance Iracema de José de Alencar, (1829 - 1877), publicado em 1865. É descrito como bebida de cor esverdeada, que deixavam os índios em estado de transe, propiciando-lhes sonhos agradáveis. Iracema era filha do pajé, guardiã do suco da Jurema. Por isso deveria manter-se virgem, mas sua vida muda com a chegada de Martim, um homem branco, que chegara como convidado à sua casa.

Também o romance brasileiro "Macunaíma" escrito por Mário de Andrade ( poeta e romancista modernista) faz referência a essa planta para fins ritualísticos. O personagem principal homônimo ao se caracterizar de mulher para enganar Venceslau Pietro Petra, "virou uma francesa tão linda que se defumou com Jurema e alfinetou um raminho de pinhão paraguaio para evitar quebranto."

No estado de São Paulo, em 2015, de acordo com dados da Arpen/SP, foi registrada apenas uma menina chamada Jurema. Um nome que, aliás, por si só, é ousadíssimo para uma criança nos dias atuais.

Referências:

Jurema (nascida em Campos dos Goytacazes) é uma cantora e compositora brasileira.
Jurema Reis, atriz brasileira. Um dos seus últimos papeis foi Clara, na novela Malhação em 2010. 
Jurema Ferraz (Namibe, 14 de Fevereiro de 1985) é uma modelo angolana. Jurema Ferraz foi eleita Miss Angola 2010, representando o seu país no concurso Miss Universo 2010.

Na teledramaturgia:

Dona Jurema Cordeiro, mais conhecida como Dona Jura, é uma personagem criada por Glória Perez para a telenovela O Clone. 
Jurema Matos era o nome da heroína da minissérie “A Rainha da Vida”, da Rede Manchete, exibida em 1987. No decorrer da trama, ela muda o nome para Antônia Fidalgo (interpretada pela atriz Florinda Bolkan).



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