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Jurema, na língua
tupi-guarani, é uma palavra usada para designar uma “planta com espinhos”, na
maioria dos sites. O Dicionário de Nomes Próprios vai um pouco mais longe e diz
que significa “árvore de espinhos de odor desagradável”, a partir da palavra
tupi “yu-r-ema”, composta pelos elementos “yu”, que quer dizer espinho, e “rema”,
que quer dizer “odor”.
Porém, você mesmo, leitor, pode
notar a contradição: os elementos falam em espinho e odor, e nenhum momento “árvore”
ou “desagradável”. Isso é pura interpretação de quem transmuta o significado.
Jurema também é nome de uma planta da família das leguminosas muito
espinhosa, muito comum no Nordeste brasileiro, cujas folhas podem dar origem a
um chá de características narcótica e alucinógena.
Jurema sagrada como tradição mágica religiosa é uma tradição
nordestina que se iniciou com o uso da Jurema
pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil, tendo sofrido influências
de variadas origens, da feitiçaria europeia à pajelança, xamanismo indígena,
passando pelas religiões africanas, pelo catolicismo popular, e até mesmo pelo
esoterismo moderno, psicoterapia psicodélica e pelo cristianismo esotérico. No
contexto do sincretismo brasileiro afro-ameríndio, a presença ou não da Jurema como elemento sagrado do culto
vem estabelecer a diferença principal entre as práticas de umbanda e do
catimbó. As práticas são um assunto ainda pouco estudado.
Apesar de bastante conhecida no
Nordeste do Brasil ainda não há um consenso sobre qual a classificação exata da
planta popularmente conhecida por Jurema.
A Jurema (Acacia Jurema mart.) é uma das muitas espécies
das quais a Acácia é o gênero. Várias espécies de Acácia nativas do nordeste
brasileiro recebem o nome popular de Jurema.
As Acácias sempre foram
consideradas plantas sagradas por diferentes povos e culturas de todo o mundo;
Os Egípcios e Hebreus veneravam a "Acacia nilotica" (Sant, Shittim,
Senneh), os Hindus a "Acacia suma" (Sami), os Árabes a "Acacia
arabica" (Al-uzzah), os Incas e outros povos indígenas da América do sul
veneravam a "Acacia cebil"(vilca, Huillca, Cebil), os nativos do
Orinoco a "Acacia niopo" (Yopo) e os índios do nordeste brasileiro
tinham na "Acacia Jurema"
(Jurema, Jerema, Calumbi) a sua
árvore sagrada, a sua Acacia, ao redor da qual desenvolveu-se essa tradição
hoje conhecida como "Jurema
sagrada".
Na literatura o suco da Jurema aparece no Romance Iracema de
José de Alencar, (1829 - 1877), publicado em 1865. É descrito como bebida de
cor esverdeada, que deixavam os índios em estado de transe, propiciando-lhes
sonhos agradáveis. Iracema era filha do pajé, guardiã do suco da Jurema. Por isso deveria manter-se
virgem, mas sua vida muda com a chegada de Martim, um homem branco, que chegara
como convidado à sua casa.
Também o romance brasileiro
"Macunaíma" escrito por Mário de Andrade ( poeta e romancista
modernista) faz referência a essa planta para fins ritualísticos. O personagem
principal homônimo ao se caracterizar de mulher para enganar Venceslau Pietro
Petra, "virou uma francesa tão linda que se defumou com Jurema e alfinetou um raminho de pinhão
paraguaio para evitar quebranto."
No estado de São Paulo, em 2015,
de acordo com dados da Arpen/SP, foi registrada apenas uma menina chamada Jurema. Um nome que, aliás, por si só,
é ousadíssimo para uma criança nos dias atuais.
Referências:
Jurema (nascida em Campos dos Goytacazes) é uma cantora e
compositora brasileira.
Jurema Reis, atriz brasileira. Um dos seus últimos papeis foi
Clara, na novela Malhação em 2010.
Jurema Ferraz (Namibe, 14 de Fevereiro de 1985) é uma modelo
angolana. Jurema Ferraz foi eleita Miss Angola 2010, representando o seu país
no concurso Miss Universo 2010.
Na teledramaturgia:
Dona Jurema Cordeiro,
mais conhecida como Dona Jura, é uma personagem criada por Glória Perez para a
telenovela O Clone.
Jurema Matos era o nome da heroína da minissérie “A Rainha da Vida”,
da Rede Manchete, exibida em 1987. No decorrer da trama, ela muda o nome para
Antônia Fidalgo (interpretada pela atriz Florinda Bolkan).
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