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No nosso quarto e
último post sobre "Nomes de Bruxas",
depois de ter trabalhado a onomástica na mitologia, ficção, representação,
contos de fadas, etc, temos que nos lembrar de um episódio escuro e triste da
humanidade. O momento em que, inspirados pela obra "O martelo das
bruxas", o clero católico medieval instituiu a Santa Inquisição, para
caçar, julgar e executar pessoas - homens e mulheres - acusados de crimes
contra à Igreja.
Essas mulheres eram
acusadas de coisas absurdas, torturadas até que confessassem tudo, julgadas sem
a mínima justiça e condenadas à execução, geralmente a queima na fogueira.
Aliás, como dito no primeiro post, é do verbo "bruciare" (queimar)
que vem a palavra bruxa.
Como dito na revista
Super Interessante, “Durante mais de 300 anos, a mesma Europa que viu nascer a
Idade Moderna e presenciou feitos como a conquista do Novo Mundo, a ascensão da
burguesia comercial e o fim do domínio feudal, fez das fogueiras um instrumento
de repressão e morte para milhares de mulheres condenadas por bruxaria”.
Vamos conhecer – e honrar
a memória – o nome de muitas das mulheres acusadas e queimadas por bruxaria na
Europa Medieval (e pasmem) até os dias modernos, em lugares distantes do mundo.
As
“bruxas reais”
Mulheres
condenadas e executadas por bruxaria
Hipátia
–
Alexandria, Egito (415 d.C), aos 60 anos, atacada e torturada até a morte por
uma multidão cristã.
Angèle
de la Barthe – Toulouse, França (1275), 45 anos, acusada de ter mantido
relações sexuais com o diabo e ter dado à luz a um bebê monstro, queimada
viva.
Petronilla
de Meath – Condado de Meath, Irlanda (1324) – Foi acusada de ser cúmplice de
Alice Kyteler, de quem era serva, quando o marido da patroa faleceu. Por se
tratar do quarto casamento de Alice, o Bispo de Ossory, Richard de Ledrede,
acusou-a de recorrer à métodos de bruxaria para enriquecer e assassinar seus
maridos. Para incriminar Alice Kyteler, Petronilla foi torturada até confessar
que ela e Alice praticavam bruxaria e feitiçaria. Foi queimada viva na
fogueira, junto a outros servos. Com a ajuda de parentes, Alice Kyteler fugiu.
Matteuccia
de Francesco – Deruta, Italia (1428) - Conhecida como “Bruxa de Ripabianca”,
confessou ter voado nas asas de um demônio. Foi acusada de ser prostituta, ter
cometido profanação com outras mulheres, vender poções do amor e pomada
medicinal feita com sangue de recém-nascidos. Foi queimada até a morte. Seu
julgamento foi um dos primeiros a serem documentados na Úmbria.
Joana
d’Arc
– Rouen, França (1431) - Heroína nacional da França, foi presa e condenada à
morte na fogueira, por acusação de assassinato e heresia. Tempos mais tarde, a
Igreja Católica reconheceu o erro e a canonizou Santa e venerável.
Agnes
Bernauer – Munique, Alemanha (1435) - Filha de um barbeiro, envolveu-se
amorosamente com o Duque Albert III, com quem se casou em segredo. O matrimônio
não foi aprovado pelo rei Ernesto, que aproveitou-se da ausência de seu filho
na corte, em 1435, e mandou prendê-la, acusando-a de bruxaria e feitiçaria. Ela
foi jogada no Rio Danúbio e morreu afogada.
Gracia
la
Valle – Saragoça, Espanha (1498) – a primeira execução por acusação de bruxaria
na Espanha.
Mark
Antony
Bragadini – Perugia, Itália (1500) – acusada de feitiçaria e bruxaria, foi
decapitada.
Lasses
Birgitta – Oland, Suécia (1550) – A primeira mulher executada por bruxaria na
Suécia, decapitada.
Sipinpoika
Rasmus – Loimaa, Finlândia (1554) – Acusada de feitiçaria e bruxaria, foi
decapitada.
Blanca
Severo Luna – Granada, Espanha (1572), Blanca foi acusada de ter visões, falar
com os mortos e fazer previsões, assim como suas três filhas que conseguiram
fugir. Segundo seus vizinhos era constantemente visitada por demônios e fazia
poções para finalidades de sedução, cura e morte. Confessou sob tortura que
duas das filhas eram de um demônio, foi condenada ser queimada viva.
Agnes
Waterhouse – Chelmsford, Inglaterra (1566) - Primeira pessoa executada por
bruxarina na Inglaterra, foi acusada de bruxaria junto com outras duas
mulheres, Elizabeth Francis e Joan Waterhouse. A acusação consistia num
possível encantamento de William Fynne, que resultou em sua morte. Agnes foi
enforcada.
Elisabeth
Plainacher – Viena, Áustria (1583) - Anna, uma de suas netas, sofria de
epilepsia, o que era visto como um sinal do Diabo. Elisabeth foi apontada como
responsável pela doença de Anna. Ela foi levada à Viena e interrogada por um
jesuíta. Sob tortura, confessou ser uma bruxa e foi condenada à morte na
fogueira.
Dora
Golub
– Zagreb, Croácia (1585) - Acusada de feitiçaria e bruxaria. Foi condenada à
morte na fogueira.
Anna
Koldings
– Copenhague, Dinamarca (1590) - A Dinamarca sofria com inúmeras tempestades
naquele ano, o que levou a uma grande Caça às Bruxas no reino, por acreditar-se
que os fenômenos eram associados à bruxaria. Anna Koldings foi uma das
principais pessoas apontadas como bruxas. Ela confessou, sob tortura, que
enviou pequenos demônios para o Mar na tentativa de afundar o navio do rei
James VI. Passou a ser vista como uma bruxa muito perigosa e apelidada como
"Mãe do Diabo". Foi executada na fogueira.
Marigje
Arriens – Schoonhoven, Países Baixos (1591) - Uma das mais conhecidas vítimas
da Caça às bruxas na Holanda, foi condenada e queimada viva após ser acusada de
bruxaria por um idoso.
Merga
Bien – Fulda, Alemanha (1603) – Vítima mais conhecida do julgamento das bruxas
de Fulda, foi queimada viva.
Nyzette
Cheveron – Ardenas, Bélgica (1605) - Foi presa por acusação de bruxaria e
interrogada violentamente. Em sua confissão, afirmou ter um "diabo de
estimação" chamado Verdulet. Em 21 de março de 1605, foi estrangulada e
queimada.
Joan
Flor, e suas filhas Margaret e Philippa – Vale de Belvoir, Inglaterra
(1618) - foram acusadas de bruxaria pelo Conde e a Condessa de Rutland, após os
dois filhos homens do casal falecerem. Joan morreu na prisão, enquanto Margaret
e Philippa foram enforcadas.
Wolde
Albrechts - Strzmiele, Pomerânia (1619) - Possivelmente de origem cigana,
confessou práticas de bruxaria sob tortura, onde acusou Sidonia von Borcke,
membro da nobreza pomerana. Foi condenada por Teufelsbuhlschaft (relações
sexuais com o Diabo) e queimada na fogueira em outubro.
Sidonia
von Borcke – Strzmiele, Pomerânia (1620) - De família nobre na Pomerânia, foi acusada
de 72 crimes, entre eles bruxaria, práticas de magia, adivinhação do futuro e
Teufelsbuhlschaft (relações sexuais com o Diabo). Confessou os crimes sob
tortura, mas desmentiu-os e foi torturada novamente, resultando numa confissão
definitiva. Foi decapitada e queimada.
Anne
de
Chantraine – França (1622) - Acusada de bruxaria e queimada viva em
Waret-la-Chaussée aos 17 anos.
Elizabeth
Clarke – Essex, Inglaterra (1645) - A primeira mulher perseguida pelo General
Matthew Hopkins. Tinha 80 anos, apenas uma perna e verrugas espalhadas pelo
corpo, identificadas pelo general como "a marca do Diabo". Confessou
ser bruxa depois de ter sido privada de sono por várias noites, sendo enforcada
posteriormente.
Alse
Young – Windsor, Treze Colônias (1647) - De acordo com os registros, a primeira
pessoa a ser executada por bruxaria nas Américas.
Michée
Chauderon – Genebra, Suíça (1652) - Confessou sob tortura invocar demônios e
foi a última pessoa executada por bruxaria em Genebra.
Ann
Hibbins
– Boston, Nova Inglaterra (1654) - Ann Hibbins ganhou uma ação judicial que
havia movido contra um grupo de carpinteiros. A ação foi mal vista pela igreja
local, e ela foi excomungada. Pouco depois, seu marido morreu e ela foi acusada
de bruxaria pela igreja, sendo condenada e enforcada.
Brita
Zippel
e Anna Zippel – Estocolmo,
Suécia (1676) - Um dos julgamentos mais
famosos naquele século na Suécia, Brita e Anna Zipel eram irmãs. Brita já havia
enfrentado dois julgamentos anteriores sob a mesma acusação, de bruxaria, o que
a fez perder sua riqueza e isolar-se da elite da cidade. Anna permaneceu
vivendo na elite de Oslo. As acusações de bruxaria que cercavam Brita
estenderam-se à toda a família, e Anna foi levada a julgamento no mesmo dia em
que Brita enfrentou seu terceiro julgamento pela mesma acusação. As duas irmãs
foram condenadas e decapitadas.
Marie
Bosse – Paris, França (1679) - Condenada à morte na fogueira por estar
associada ao Caso dos Venenos
Catherine
Deshayes – Paris, França (1680) - Principal ré do Caso dos Venenos, que ficou
muito conhecido por envolver aristocratas da França, uma das quais era Madame
de Montespan, amante do rei. Foi condenada à morte na fogueira.
Mima
Renard - São Paulo, Brasil Colônia
(1692) – Prostituta, foi acusada pelas mulheres de seus clientes de enfeitiçar
os homens, sendo queimada viva.
Anna
Eriksdotter – Eskilstuna, Suécia (1704) - Acusada por Nils Jonsson de ter lhe
causado cegueira, mudez e surdez pelo uso de magia. Foi condenada e decapitada.
Margareta
Korenika - Turopolje, Croácia (1733) - Integrou um grupo de dezenas de mulheres
croatas condenadas à morte na fogueira, entre 1733 e 1734, acusadas de
bruxaria. Foi uma das principais integrantes deste grupo.
Helena
Curtens
– Gerresheim, Alemanha (1738) - Foi presa depois de contar aos vizinhos que
recebia a visita do espírito de uma menina de 14 anos, que havia falecido. Foi
exposta a tortura, onde confessou também ter tido relações sexuais com um
demônio. Foi levada à fogueira.
Ursulina
de Jesus – São Paulo, Brasil Colônia (1754) - Acusada por seu marido de retirar
a sua virilidade, evitando que ele tivesse filhos. Foi executada na fogueira.
Anna
Göldi - Glarona, Suíça (1782) - Foi acusada por Jakob Tschudi, de quem era
serva, de colocar agulhas no pão e leite de uma de suas filhas, em um ato de
feitiçaria. Confessou sob tortura ter realizado pacto com Satanás, que apareceu
a ela na forma de um cachorro preto, mas retirou a confissão após o fim das
torturas. Ainda assim foi condenada e decapitada.
Giovanna
Bonanno – Palermo, Itália (1789) - Era viúva e mendiga. Recebeu acusação de
vender poções e venenos à mulheres que queriam matar seus maridos. Ela foi
executada por enforcamento em 30 de julho.
Maria
da Conceição – São Paulo, Brasil Colônia (1798) - Acusada e condenada por
bruxaria por produzir remédios e poções que pudessem atrair homens.
Mary
Bateman – Iorque, Inglaterra (1809) - Acusada de fraude e assassinato,
confessou ser uma cartomante. Foi condenada à forca, mas evitou sua execução
alegando estar grávida. Passou por exames físicos, que comprovaram sua
não-gravidez, sendo enforcada em seguida.
Barbara
Zdunk
- Rößel, Polônia (1811) - Um incêndio de grande proporção assolou a cidade de
Rößel, em 1806. Barbara Zdunk foi responsabilizada pelo incêndio, devido a seu
gosto por magia. Foi presa em 1807 e executada quatro anos depois, na fogueira.
Helen
Duncan – Edimburgo, Escócia (1956) - Espírita, alegou ter recebido a visita do
espírito de um marinheiro inglês em 1941, anunciando que ele havia morrido
durante a Segunda Guerra Mundial, após o naufrágio de um navio chamado HMS
Barham. O navio, que estava desaparecido, foi oficialmente declarado perdido
vários meses depois. Por esta razão, foi presa em 1944 sob a acusação de
bruxaria. Seu julgamento foi muito divulgado pela mídia e amplamente coberto
pelos jornais. Ela foi condenada a nove meses de prisão pelas acusações sobre a
Lei de Bruxaria. Em novembro de 1956, foi novamente presa por acusações de
bruxaria e morta em 6 de dezembro do mesmo ano.
Mara`i
al-Naqshabandi – Riade, Arábia Saudita (1996) - Uma das poucas pessoas na
Arábia Saudita onde a lei da bruxaria foi aplicada no século XX
Uppala
Pochaiah - Kothapalli, Índia (2000) – espancada até a morte em Kothapalli.
Amina
Abdul Halim Salem Nasser – Al Jawf, Arábia Saudita (2011) - Foi presa em 2009
sob acusação de feitiçaria e bruxaria, prática vista como uma ameaça ao Islã. A
Anistia Internacional (AI) fez campanha para que ela e outros sauditas com
asusações de bruxaria fossem inocentados. Amina foi decapitada dois anos após
ter sido presa.
Maili
Tamang
e Kanchhi Tamang - Sindhupalchok, Nepal (2013) - Acusadas de praticar magia
negra contra outros moradores. Foram arrastadas para um monastério budista,
espancadas, torturadas e obrigadas a ingerir fezes humanas até a morte
Dhegani
Mahato – Chitwan, Nepal (2012) - Queimada viva após ser acusada por um xamã de
ser uma bruxa e de ter enfeitiçado um parente que tinha ficado doente
María
Verenice
Martínez – Santa Bárbara, Colômbia (2012) - Acusada de realizar supostas
bruxarias contra mulheres de sua comunidade. Recebeu um golpe na cabeça, foi
despida e depois queimada.
Kepari
Leniata
– Mount Hagen, Papua-Nova Guiné (2013) - Acusada de bruxaria por populares, foi
atacada por uma multidão, despida, encharcada de petróleo e queimada viva em
uma fogueira feita por pneus.
Magdalena
Francisco
- Huehuetenango, Guatemala (2013) - Acusada de praticar bruxaria por vizinhos.
Morta a pedradas e espancamento
Fabiane
Maria
de Jesus – Guarujá, Brasil (2014) - Um site publicou uma falsa notícia,
utilizando um retrato falado de um caso criminal ocorrido no Rio de Janeiro,
acusando a mulher retratada como sendo sequestradora de crianças para a prática
da bruxaria e rituais de magia negra no litoral de São Paulo. Uma página da
rede social Facebook divulgou essa imagem, que foi associado por populares à
Fabiane Maria de Jesus. Ela foi cercada por uma multidão, espancada e
torturada. Morreu horas depois. Sua inocência foi provada posteriormente;
Adolfina
Ocampos – Aldeia Tahehyi, Paraguai (2014) - Indígena da etnia Guarani, foi
acusada de realizar magia contra sua irmã, que adoeceu. Foi afogada em um
córrego pelos líderes indígenas, e queimada em seguida.
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