domingo, 16 de agosto de 2015

Nimue

Nimue Smit, modelo holandesa 

Nimue é um nome ligado às lendas arturianas, a princípio, de significado desconhecido. É um nome dado à dama do lago, conhecido também como Niniane, Vivian (em várias grafias), Evienne ou Nivien. Alguns alegam que ela é, ou representa, uma deusa tripla, devido ao fato do seu nome poder vir simultaneamente das deusas Coventina, Nemain e Mnemósine (e o amor celta à personificações triplas é bem conhecida).

Nimue também pode ser uma forma corrompida de Nínive, que pode ser sido tomado de uma cidade na Síria. O nome assírio, em última análise, significa “morada dos rebeldes”. Se não, pode ser tomada a partir de Mnemósine (que significa memória), uma ninfa das águas da mitologia grega cuja história foi um pouco semelhante. Como Nimue poderia ser um erro de ortografia, juntamente com Nynyve, Nynyue e Ninive, não há uma pronúncia fixa.

Nas obras de Malory (Le Morte d’Arthur) há três grafias diferentes usadas: Nimue, Ninive e Nínive/Nyneve (talvez de propósito, afinal, na lógica celta todas as coisas boas vem em grupos de três). Em Idyllis do rei de Tennyson ela é Vivien(e), ou ainda Vivian(e), embora seu nome possa ter sido inspirado na deusa da água (celta) Coventina e não tem relação com o nome Vivian, de origem latina, que era originalmente unissex/masculino com o significado “vivo”. O nome dela como Niniane provavelmente vem da palavra celta “nino”, que significa “cinzas”, mas é tão perto do som para Viviane que é difícil saber o que veio primeiro.

A Dama do Lago é mundialmente famosa por dar ao Rei Artur a famosa espada Excalibur, mas sua história é mais profunda que isso. Ela era mãe adotiva de Sir Lancelot, elevando-o de debaixo d’água. Antes disso, Merlin a conheceu e caiu tão apaixonado que concordou em ensinar-lhe toda a magia, mas quando ela ficou mais poderosa que Merlin o aprisionou. Pode inclusive ter levado à queda de Artur. No entanto, ela foi uma das três rainhas que escoltaram Artur de Avalon. Cada autor compartilha a sua versão “original” da mesma lenda.

Nas “Crônicas de Arthur”, de Bernard Cornwell, Merlin acolhe uma menina náufraga que havia sobrevivido supostamente pela mão dos deuses. Lembro exatamente da passagem em que Merlin muda o nome dela para Nimue, em homenagem a deusa das águas, entretanto, não lembro qual era o nome anterior. Ela tem um relacionamento sexual (e não amoroso) com o mestre e ele lhe ensina tudo que sabe. Cornwell a descreve como uma feiticeira fanática e que acredita que pode trazer os deuses de volta e salvar a Bretanha, principalmente das guerras e dos cristãos.

Nimue tem sido desde sempre um nome raro em pessoas reais, fora das histórias literárias e cinematográficas. Nos Estados Unidos, segundo o blog Once Upon a Think Baby Names, foi dado mais freqüentemente a partir de 2004, mas apenas um punhado de vezes por ano. Niniane, Nyneve e Nínive parecem ser opções de ortografia mais populares no país, e é claro, Vívian, que sempre foi popular.

No Brasil ou em Portugal, aparentemente, não se tem noticias do uso de Nimue como nome próprio, nem as demais grafias citadas. No entanto, Viviane e Viviana são bastante aceitos e populares em vários momentos.

Eu gosto muito da versão Nimue (a qual eu pronuncio Nimuê, como o acento imaginário), e gosto ainda mais pela qualidade mítica e medieval do nome, assim como quase todos os nomes arturianos. Tem aquele tom lunático que o torna absolutamente exótico e sedutor: uma pequena jóia a ser descoberta. É inclusive curioso como Morgana e Artur desenvolveram sua popularidade, assim como outros nomes arturianos, mas Nimue ficou ligado apenas a sua variante Vivien/an.

No “mundo real”, podemos encontrar uma portadora desse nome na modelo holandesa Nimue Smit (nascida em 1992), da qual utilizamos a foto para ilustrar esse artigo.




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