quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Falcon

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O Falcão é um dos meus animais favoritos, até pela sua simbologia. Entretanto, sem chance de usar o nome Falcão em Português. Além de ser essencialmente ridículo, tem o cantor ícone do “brega” no Brasil, aquele que anda com um paletó colorido e um girassol na lapela.
Em outras línguas encontramos Falcon, que eu acredito que seja a variante mais viável para o nome em português. Mas ainda temos Sokol (checo), Halcón (basco), Falko (esperanto), Falcón (espanhol), Falco (italiano). Quem procura um nome que signifique “falcão”, acho que apenas Astor, que vem de um sobrenome derivado da palavra occitana “Astur”, significando falcão é viável.

Temos ainda o nome Ákos, usado sobretudo na Hungria, possivelmente de origem turca que significa “falcão branco”. Acho esse nome bem usável em português. Temos ainda Erdogan, que vem do turco e significa “homem falcão”, Falk, que significa falcão em iídiche, Hayato, que em japonês forma-se a partir da combinação de elementos para “pessoa” e “falcão”, Shahin, do persa, que significa “falcão peregrino”.

Existe ainda Gwalchmei, da mitologia celta, derivado de “gwalch”, falcão, possivelmente combinado com “mei”, o mês de maio, e também Séaghdha, que em irlandês/ gaélico significa falcão admirável. Ambos são inviáveis em português. De todas as opções, ainda gosto mais de Falcon, por isso acho mais viável para o universo de nomes próprios.

Mas o mais legal sem dúvida é Hórus, da mitologia egípcia, que provavelmente significa falcão. Na mitologia egípcia Hórus era o deus da luz, muitas vezes descrito e representado como um homem com cabeça de falcão. É filho de Osíris e Ísis, vingou o assassinato do seu pai matando Seth. Não sei, entretanto, se nos dias de hoje, as pessoas teriam coragem de nomear seus filhos com o nome Hórus.

Não há nenhum registro de Falcon na lista da Arpen/SP de 2015, nem tampouco de 2014. Nem tampouco das versões em outras línguas, ou dos nomes estrangeiros que significam “falcão”. Então, além de tudo, é muitíssimo exclusivo. Uma escolha ousada, mas original.

No Dicionário de Símbolos, essas são as considerações sobre o Falcão:

 “Príncipe das aves, o falcão simboliza o princípio celeste. A simbologia do falcão é solar, diurna e masculina. O falcão é um símbolo ascensional, seja no plano moral, físico ou intelectual, simbolizando a superioridade, uma vitória já conquistada ou em vias de o ser.

O falcão é um caçador, e foi frequentemente representado na Idade Média a despedaçar lebres. A lebre simboliza a lascívia, neste sentido, o falcão representa a vitória sobre o princípio lunar, noturno e feminino, e sobre a concupiscência. 

O falcão encarnava o Hórus, deus dos espaços aéreos, deus do céu, e que tinha o Sol e a Lua como olhos. Com uma visão poderosa, o falcão é o único animal capaz de fixar o olhar na luz solar. O falcão possui também uma visão longínqua Os olhos do falcão simbolizam o olho que tu vê. A visão, juntamente com o voo, são os poderes especiais do falcão. Ele tem o poder de viajar e transcender o céu e a terra, simbolizando uma conexão divina e terrena.

É muito comum que ver representações do falcão com a cabeça encapuzada. Esta representação simboliza a esperança que se projeta na luz e que alimenta aqueles que vivem nas trevas. A imagem do falcão encapuzado simboliza os prisioneiros, seja literalmente ou não.

De acordo com o xamanismo, o falcão é o mensageiro do céu, da vida e dos sonhos. É o grande encarregado de enviar mensagens para serem decifradas”.

Já no blog Energia-Vitalis temos uma explanação bem mais completa; Veja a seguir:

“Associado a Freyja e à feitiçaria na mitologia Nórdica, o falcão era um animal dotado de dois poderes especiais: o voo e a visão. O voo simbolizava o poder de viajar entre mundos, bem como seu fácil alcance entre o céu e a terra, tornando-se um elo entre todos os seres e mundos. Freyja tinha uma capa de penas de falcão e com ela podia transmutar-se numa ave e fazer essa mesma jornada entre mundos. O mesmo acontecia com a sua visão, um dom especial, uma vez que ia além do habitual alcance do homem. No topo de Yggdrasil está uma grande águia que possui um falcão entre os seus olhos, simbolizando o poder da visão. Assim, temos o Falcão como um símbolo de conexão divina e espiritual, símbolo de equilíbrio entre o céu e a terra, provedor de visão e provedor da expansão do espírito para o além. Ao estar relacionado com a conexão entre mundos e com a Árvore da Vida Nórdica, podemos relacionar o Falcão com a carta de Tarot O Dependurado.


Esta carta pede-nos para encarar-mos a realidade de uma nova perspectiva, a pararmos e ver-mos o mundo ao contrário do que nos é habitual...O Arcano XII do Tarot representa o sacrifício a que são submetidos todos aqueles que perseguem um ideal. Também está relacionado com o tema do voo durante os sonhos (ligação entre mundos) e do isolamento dos místicos. Mostra-nos um homem suspenso por um pé, amarrado numa viga de madeira apoiada entre duas árvores, cada uma com seis ramos cortados. Esta moldura forma um quadrado o que nos remete para o mundo material. Neste sentido, os doze ramos cortados podem exprimir a extinção da vida, por isso, este arcano pode representar aquele que não vive a vida terrena, mas que está num mundo de sonhos idealizados. As pernas cruzadas denotam a predominância do mundo material sobre o espiritual, o pé não amarrado indica contudo que a situação não é incorrigível. Tem uma expressão serena com as mãos nos bolsos, como se estivesse a observar. Isso quer dizer que às vezes, temos que olhar as coisas por um outro ângulo para que possamos compreendê-las. Por outro lado, a carta XII leva-nos á casa 12 da Roda Zodiacal e ao signo de Peixes, aos doze signos, doze meses do ano, doze apóstolos, as doze tribos de Israel...Esta é uma das cartas com uma simbologia mais complexa do Tarot.

Já na mitologia Egípcia, o Falcão era considerado o único animal a poder fixar o Sol, sendo por excelência o animal de Hórus, o Deus-Sol. Já no período pré-dinástico os reis eram conhecidos como seguidores de Hórus. Durante o Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.), o Deus-Sol era adorado como pai legítimo do faraó reinante, criador de todas as leis e entidade de quem emanava toda a autoridade visível. O Deus-Sol governava nos céus como um soberano divino, contrapartida celestial do faraó. Hórus, representado pelo falcão, era o deus do céu, um símbolo da realeza divina e o protetor do faraó reinante. Este Deus foi pessoalmente identificado com o rei, talvez porque o Falcão podia voar através dos céus a grandes alturas e vigiar o império. Todo o faraó, ao reinar, usava o nome de Hórus como o primeiro dos seus títulos e o seu trono era o trono de Hórus. Para os egípcios o faraó era Hórus, o falcão celeste, cujos olhos representavam o Sol e a Lua. Nos relevos há várias cenas nas quais o deus Hórus aparece ao lado do faraó como criaturas iguais, da mesma estirpe. Temos então mais uma vez o Falcão relacionado com os poderes de viajar entre mundos e visão acutilante. Em Tanis, arqueólogos encontraram esqueletos de falcões dentro de pequenas jarras. Nekhen, a Hieracômpolis dos gregos, teve um deus falcão como sua divindade local e o nome da cidade significa justamente Cidade do Falcão.

Remete-nos igualmente para a carta de Tarot O SOL. No Arcano XIX do Tarot, o disco solar encontra-se no seu momento mais intenso e poderoso, e os raios derramam-se em linhas curvas e retas numa alusão à dualidade do astro, que fornece luz e calor. Duas crianças nuas, despojadas e inocentes, estão em atitude amistosa e solidária. São Gémeos e remetem-nos para esse signo do Zodíaco. Há um muro que parece circundar as crianças, simbolizando os esforços e as experiências que já vivenciaram tanto no sentido físico como no espiritual e que neste estágio de sua vida, já estão concretizados. Sendo um muro baixo indica-nos que há ainda um longo caminho a percorrer. O Sol desvenda para a humanidade uma nova oportunidade. É a claridade que nos permite ver as coisas e perceber bem a realidade que estamos a viver. Ele traz segurança, mas atenção que quando assumimos uma atitude transparente, sem mistérios, e demasiado confiante, ficamos com a pureza infantil e consequentemente à mercê de aves de rapina maiores...

Para o povo nativo americano, o totem animal associado ao Elemento fogo é o Pássaro Trovão. O "Grande Falcão" que se esconde atrás das nuvens é um símbolo extremamente importante. Para alguns o Pássaro Trovão é quem chama os Seres Trovão, ou o servidor das trovoadas, o símbolo e mensageiro dos seres do fogo. Diz uma lenda que o Pássaro Trovão foi o maior falcão que já viveu na Terra. Este Falcão magnífico era muito bom e gentil, cantava lindas canções que agrupavam os outros ao seu redor em conselho. Podia cantar uma canção que aproximava as nuvens.

Infelizmente esta poderosa ave tornou-se presa de seu próprio ego, deixando-se levar pela sua grandeza. Na sua dança de arrogância, durante a sua última estadia na Terra, foi atingido por um raio e transformado em espírito. O Criador deu-lhe uma nova chance tornando-o um servente dos Seres Trovão, e quando ele sentiu prazer em servir aos outros conheceu o seu lugar no Universo. O Pássaro Trovão vive em espírito agora, mas às vezes, retorna para nos ensinar sobre a bondade, gentileza, limpeza e cura. Fala-nos igualmente sobre a dor ardente ao exibir muita arrogância. O grande Falcão inspira-nos a sairmos da nossa arrogância para servirmos e ajudarmos a curar os outros.

O Falcão simboliza precisão, memória remota, coragem, sabedoria, iluminação, capacidade de visão à distância e ao pormenor, capacidade de viajar entre mundos, mas chama também a atenção para o perigo de estarmos demasiado focados em nós mesmos e nas nossas capacidades/vitórias (ego) e não prestarmos atenção ao verdadeiro significado do que nos rodeia...o Falcão, exímio caçador, dotado de visão e rapidez - é o animal mais veloz do mundo ao alcançar velocidades na ordem dos 350 km/H em voo picado - é muitas vezes vítima de roubo por parte de outras aves de rapina de maior porte, que ao atacá-lo durante o voo forçam-no a largar a presa para se salvar. O Falcão como animal de poder dá-nos a habilidade de ver as nossas vidas em perspectiva, de nos libertarmos de toda a bagagem desnecessária e de nos conectarmos com as nossas raízes mais profundas. Podemos recorrer a ele sempre que necessitarmos de perceber algo que nos escapa sobre alguma vivência ou experiência, ele ajuda-nos a ver os detalhes que antes nos passaram despercebidos. Mas quando o Falcão nos surge como animal de poder há também que ter em atenção ... será que está a dar demasiada atenção aos detalhes deixando escapar o todo? Para tudo deve haver um equilíbrio, e é exatamente por focar toda a atenção na presa que o falcão passa de caçador a presa...Ideais elevados se não forem balanceados com a humildade podem levar a atos cruéis, à arrogância e à negação da energia do coração.

A medicina do Falcão ensina a observar, olhar o que acontece ao nosso redor de forma objetiva, a ver o que nós mesmos fazemos e recorda-nos que somos os únicos a deter o poder para receber, perceber e usar corretamente as nossas habilidades.

Os Pueblos - nativos do Novo-México - usam as penas e invocam a energia da Falcão em cerimónias de cura e para trazer a chuva e água necessárias à vida. Os anciãos reconheciam este pássaro como mensageiro das novidades e do mundo dos antepassados. O seu grito sinaliza a necessidade de olharmos para o alto com consciência e receber a mensagem que o Grande Espírito nos envia. Contatar o Falcão é acionar a sua fonte de poder espiritual. Visão ampliada, é talvez hora de fazer voos mais audazes, novas ideias, abrir-se para o novo. Quando caçam os falcões observam, olham em redor do alto, focam a presa e preparam-se para um voo quase sempre 100% certeiro. Se este animal lhe surge como animal de poder, pode estar a ser convidado a ser mais observador, inclusive das suas próprias emoções, possibilidades e caminhos. O Falcão tem um coração audacioso, voa tão alto que é banhado por completo pela energia do Sol. O Céu é o seu reino e no seu voo ele tanto se conecta com os humanos quanto com o Grande Espírito Criador - cabeça no céu mas pés bem enraizados na terra, isto é, equilíbrio entre o seu Eu espiritual e o seu Eu físico”.

Ainda temos uma definição mais resumida, no blog Significado dos Símbolos:

“Falcão: Para os egípcios era considerado um símbolo celeste, representava, entre outros deuses a encarnação de Hórus cujos olhos eram o sol e a lua. Os Incas o consideravam um símbolo solar. O falcão é tido também como símbolo másculo, diurno e ascensional em todos os planos: físico, moral e intelectual.


Por vezes encontramos a figura do falcão encapuçado, muito usado nas artes de falcoaria e caça, nesse caso traduz um simbolismo de esperança na luz, seria a imagem dos prisioneiros, do ardor espiritual entravado ou da luz debaixo do alqueire”.


Estamos então, diante de um nome, simbolicamente com vários motivos para ser usado!





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