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Satan é um nome masculino frequente em círculos cristãos, porém, de
uma forma negativa. Deriva do hebraico שָׂטָן
(Satan), que significa “adversário” ou “hostil”. No Novo Testamento ele é
também conhecido pelo título Diabo (Diabolos em grego). A tradução para o português
deu em “Satanás” ou “Satã”, um termo originário da tradição e mitologia
judaico-cristãs e geralmente aplicado à encarnação do Mal em religiões
monoteístas.
Há registros, cronologicamente
próximos, que a palavra Satanás, se origina diretamente da palavra Sátiro (do
grego Σάτυρος — Sátyros) em cultura teológica grega. Talvez isso explica o uso
de pés e chifres caprinos, como um bode, em um tronco humano, na maioria das
representações medievais e até hodiernas do ser mitológico.
Portanto, Satan para a doutrina judaica-cristã é um demônio, uma divindade
maligna, um opositor de Deus e de Jesus, e por aí vai. Mas é um nome, e para
quem não é cristão ou é ateu, não significa absolutamente nada a não ser um
nome como outro qualquer. Usar esse nome pode tanto ser interpretado como “muito
cruel” por uma pessoa crente, como pode ser interpretado como um grande senso
de humor por quem não crê.
Satan seria, para a mitologia hebraica, a personificação do
antagonismo, muitas vezes sinónimo do Diabo (cuja palavra tem outra origem etimológica,
como explicaremos nesse texto). Naturalmente, para quem não acredita nos
preceitos judaico-cristãos, então não seria blasfêmia ou crueldade, realmente. Evidentemente,
cristãos e judeus interpretariam como um nome horrível por conta de associar Satan à um mal iminente.
Além de Satan, Satanás, demônio, diabo, etc. um sinônimo ainda é Shaitan, um
nome para Satan na mitologia árabe.
Para mim, que não acredito, este é mais um personagem mitológico como Plutão,
Hades, Zeus, Júpiter, Odin, Thor ou qualquer outro deus/demônio de mitologias
por aí. A única diferença é que esse é da mitologia hebraica.
Sonoramente, o nome parece com
Natan. Outro nome conhecido é Lúcifer, que é a tradução de uma
palavra hebraica (heylel) e aparece apenas uma vez na Bíblia hebraica, em
Isaías 14:12, que de acordo com a influência da tradução da Bíblia do Rei
Jaime, significa “o brilhante, estrela
da manhã” ou ainda, “portador
da luz”. A bíblia na versão Septuaginta traduz para o grego como heōsphoros,
que significa “o que traz o anoitecer”.
Como você pode ver, ambos os nomes não estão nem remotamente relacionados e são
utilizados para designar a mesma “deidade maligna”.
Aparentemente, um dos problemas
mais terríveis da Bíblia são as traduções. Saindo do hebraico para ser traduzida
para o latim, para o grego e depois para todas as línguas conhecidas, é
evidente que muitos termos tornaram-se confusos. Uma delas é a confusão entre Satan (Satanás), diabo e Lúcifer.
Estudiosos da Bíblia como um todo
– como fonte histórica, não com a perspectiva da religião – apontam que em
termos mitológicos Satanás é um, e Lúcifer
é bem outro. Lúcifer seria o “portador
da luz” (do latim Lux Fero), Eósforos e Héspero, o Planeta Vênus em seus
aspectos matutino e vespertino.
Já Diabo significa “acusador”, do
grego “diabolos”, e pode se referir genericamente a qualquer pessoa que acusa e
que se opõe à outra, não necessariamente uma entidade maligna. Já Satan (Satanás ou satã) significa “adversário”,
“hostil”.
Outro termo que se aplica é «demônio» vem do grego δαιμόν (daimon), através do termo latino daemonium. Daimōn provavelmente veio do
verbo grego daiesthai (dividir,
distribuir). Os termos gregos não têm qualquer conotação de mal ou
malevolência. De fato, εὐδαιμονία “eudaimonia”, (literalmente bom-espírito)
significa felicidade. O termo adquiriu pela primeira vez suas conotações
negativas na tradução Septuaginta da Bíblia hebraica para o grego, que se
baseava na mitologia das antigas religiões semitas. O “daemon” helenístico
acabou por incluir muitos deuses semitas e do Oriente Próximo como avaliados
pelo cristianismo.
A Igreja Católica considera Lúcifer como sendo a mesma deidade que Satan, que seria um anjo que se rebelou
contra Deus e foi expulso do Céu, apesar da Bíblia não ter sequer uma passagem
que explicite isso. Naturalmente, diabo, demônio, Satan e Lúcifer são
colocados na mesma panela, com uma infinidade de designações populares específicas
da língua portuguesa como “capeta”, “capiroto”, “coisa ruim”, “inimigo”, “tentador”,
“serpente”, “anjo mau”, “cornudo”, “maligno”, “chifrudo”, “malvado”, “tinhoso”,
“cão” (sendo o cão um bichinho tão fofo, gente!), “tendeiro”, “príncipe
das trevas”, “maldito”, “pai do mal”, “mafarrico”, “jurupari”, “canhoto” (olha
o preconceito com as pessoas canhotas, gente!), “cão-tinhoso”, “anjo das
trevas”, “belzebu”, “leviatã”, entre muitos outros.
A passagem usada para justificar
a ideia de que Satan e Lúcifer são a mesma “pessoa”, é Isaías
14:12: "Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia
parecias tão brilhante?". Trata-se de uma passagem controversa, uma
vez que seria o desaparecimento da estrela Vênus diante da majestosidade do
Sol, com alusão à crença de que o Império Babilônico desapareceria diante do
poder de Yahweh (Javé ou Jeová, nome hebraico de Deus).
Como explica a Wikipédia:
Na tradução de Figueiredo verte Isaías
14:12: "Como caíste do céu, ó Lúcifer,
tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?"
Lúcifer (do latim Lux fero, portador da Luz, em
hebraico, heilel ben-shahar, הילל בן שחר;
em grego na Septuaginta, heosphoros) significa "o que leva a luz",
representando ao portador de luz, o planeta Vênus, que é visível antes do
alvorecer. Provém duma raiz que significa "brilhar" (Jó 29:3),
e aplicava-se a uma metáfora aplicada aos excessos de um "rei de
Babilônia", não a uma entidade em si, como afirma o pesquisador
iconográfico Luther Link, "Isaías não estava falando do Diabo.Usando
imagens possivelmente retiradas de um antigo mito cananeu, Isaías referia-se
aos excessos de um ambicioso rei babilônico."
A expressão hebraica (heilel ben-shahar) é
traduzida como "o que brilha", nas versões NM, MC, So. A tradução
"Lúcifer" (portador de
luz), (Fi, BMD) deriva da Vulgata latina de São Jerónimo e isso explica a
ocorrência desse termo em diversas versões da Bíblia.
Mas alguns argumentam que Lúcifer seja Satanás e por isso, também
foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins (Ez 28.14). Assim, muitos
nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo
(caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai'tan, Adversário.
A religião judaica não possui um ser todo
malévolo, que combata contra o Criador. Por outro lado, o nome hilel ben
shachar (הילל בן שחר, filho
d´alva), achado no livro do Profeta Isaías, a quem muitos atribuem ao Diabo, no
contexto judaico relevo nenhum tem, pois se trata de uma referência ao rei da
Babilônia, Nabucodonosor, que era daquela alcunha chamado. Atribui-se ao erro
de interpretação, segundo a visão hebraica, a leitura da frase fora do contexto
geral, pelo qual o profeta fazia uma exortação direta ao monarca.
A maioria dos cristãos, porém, considera
a passagem como referente à queda física de um anjo, daí denominam Satanás como
Lúcifer. A Bíblia, logicamente,
nunca disse isso. Tanto que existe inclusive um São Lúcifer (Lúcifero), bispo da Sardenha, e embora sua santidade seja discutida,
existe uma capela na Catedral de Caligliari é dedicada a São Lúcifer (talvez a única no mundo).
Maria Josefina de Saboia, rainha consorte, esposa de Luís XVIII de França, está
enterrada lá. Ele teve, inclusive, uma ordem de seguidores chamados Lúciferianos.
Seu nome demonstra que Lúcifer não era, pelo menos no século
IV, apenas um sinônimo para Satã. Todavia, com os movimentos a partir do século
XIX houve certa confusão, dando a entender que Lúciferianos (diferentemente do sentido teológico que é apresentado
aqui) fossem Satanistas. É de se
observar que isso não faz com que seu culto seja suprimido ou sua canonização
reavaliada. Muito embora ele não seja muito citado para evitar mal-entendidos e
escândalos.
Portanto, finalizando, Satan é o nome hebraico usado no Antigo
Testamento para designar a entidade maligna, opositor de Deus, enfim, mas se
você não crê, é um nome ou uma palavra como outra qualquer. Para usar esse
nome, ou não tem nenhuma ligação religiosa ou tem muito senso de humor. É bom
saber que, mesmo que você não acredite em nada disso, há milhões de pessoas que
creem, e levar o nome Satan seria no
mínimo embaraçoso ao longo da vida da criança. Por isso, é desaconselhável.
Lúcifer, comprovadamente, não se refere à demônio algum na Bíblia,
sendo uma interpretação cristã errada baseada na leitura do versículo de Isaías
fora de contexto. Ele se referia à Vênus, a estrela d’alva ou estrela da manhã,
em última análise, ao rei da Babilônia, e não a um demônio em especifico. Logo,
esse nome você pode usar numa boa, desde que esteja preparado para explicar o
tempo todo sua decisão.
Repetindo, para mim que não tenho
nenhuma ligação religiosa, Satan e Lúcifer são nomes como qualquer outro,
retirados da mitologia hebraica. Lúcifer,
nem isso, pois é um nome latino. Cabe a você repensar sobre isso, pesquisar e
tirar suas próprias conclusões, baseadas nas suas concepções filosóficas e
religiosas de vida.
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Parabéns pelo texto e pelas ricas informações. É impressionante a quantidade de distorções que o Cristianismo fez para combater outras culturas, ter domínio social e mental sobre os povos e gerando até hoje, desinformação e intolerância.
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