segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Lilith

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Lilith é daqueles nomes controversos. Ela aparece como demônio noturno na crença tradicional judaica e islâmica, sendo a primeira mulher de Adão. Ela seria a predecessora de Eva, criada anteriormente a esta, mas que não se adequou ao papel esperado. O mito hebreu relata que a primeira mulher teria sido criada do pó, tanto quanto Adão, e por isso, reivindicava igualdade perante o homem. 


Lilith não aceitava ficar por baixo nas relações sexuais, e não aceitava ser dominada pelo homem. Então foi expulsa do Éden e, para algumas culturas e algumas lendas, foi transformada em um demônio. Sempre digo que Lilith e um nome que se tornou contestador, místico e feminista. Pois até onde consta, ela foi a primeira a questionar a sociedade patriarcal. 

Portanto, demônio ou não, o movimento feminista teria tido uma precursora a dezenas de milhares de anos atrás. Ser "a feminista original" é um título digno de suportar. Lilith é cultuada em vários movimentos de misticismo e magia, bruxaria, etc. como um símbolo do poder feminino. 

Além da Torá, ela é citada na mitologia Assíria e na região mesopotâmica, e muitas vezes é associada com a deusa grega Hécate, que cuida as portas do Hades montada no cão Cérbero, de três enormes cabeças. Portanto, Lilith é um personagem mitológico muito antigo. 

Quanto ao nome em si, Lilith deriva do acadiano Lilitu, que que dizer "noturna". No letão, a grafia translitera-se para Lilita. Pelo fato de significar "noturna", ela também é associada a animais noturnos, especialmente a coruja. O significado não é problemático: não há nada de errado com a noite, muito pelo contrário, e inclusive o nome Laila/Leila também significa noite e é aceito com aplausos. 

Nos últimos tempos, ela tem sido mais associada a seus atributos de beleza e sensualidade e sua referência vem sendo usada em romances e obras de fantasia. Por exemplo, ela aparece em Instrumentos Mortais (Cassandra Clare) e em Supernatural, série de TV, onde ela é retratada como um demônio nas características tradicionais de um deles. 

Acredito que não é um nome muito bem visto por aqueles que levam as histórias hebraicas/cristãs muito a sério. A todos os outros, parece um nome carregado de simbolismo, questionamento e contestação feminina. Aliás, muito adequado para os dias atuais, onde a espiritualidade, o poder, o potencial e os direitos femininos estão aflorando como nunca.

Parece um pouco melancólico o fato de um nome tão bonito estar associado a um espírito demoníaco (Pense um pouco: quem escreveu os mitos, mulheres ou homens?), então, prefiro pensar como a famosa portadora estava disposta a sacrificar seu lugar no paraíso em vem de submeter-se a autoridade masculina. Faz parecer forte, tem aquele tão valorizado tom de rebeldia e liberdade. 

Ela apenas foi expulsa por que expressou sua opinião, por que não queria submeter-se, por que queria dar a mulher um status de igualdade. Ok, estou falando como se Lilith realmente tenha existido (mas, quem sabe...), pois o simbolismo é tão forte que contagia. 

De qualquer forma, não temos que sucumbir aos significados da mitologia. Temos que desfrutar desse belo nome. É um nome para uma mulher linda, charmosa, inteligente, independente, forte, lutadora e até mesmo sensual. 




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