(Foto: Avisar Autoria) |
Em meados dos anos 1800, José de Alencar resolve escrever uma trilogia de romances indianistas. A trilogia contou com os títulos "Iracema: lenda do Ceará", "O Guarani" e "Ubirajara".
O autor criou o nome Iracema sendo um anagrama de "América". Ele pretendia que, com a junção de outros termos tupis, a palavra significasse "lábios de mel", explicado inclusive na obra, mas de acordo com o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro essa etimologia é incorreta. Talvez, com muito esforço, pudesse significar "Enxame", ou "Saída de Mel" (Ira, "mel" + semu "Saída").
Então, na verdade, o nome Iracema faz parte do rol de nomes inventados para a literatura, e esse coube muito bem na heroína indígena apaixonada pelo colono Martim, um guerreiro branco, amigo dos potiguaras, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras. Os potiguaras chamavam Martim de Coatiabo.
No livro, Iracema é representada como: “Virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros
que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira”.
O romance de José de Alencar foi adaptado para o cinema em 1979, dirigido por Carlos Coimbra, com o título "Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel". Iracema foi interpretada pela atriz brasileira Helena Ramos. Mais uma vez, a personagem indígena ganhou vida no filme através de uma mulher branca, sem nenhum traço ou descendência indígena.
Como sempre, as produções televisivas e cinematográficas, usando atores brancos para interpretar os personagens indígenas, caracterizando-os e até pintando sua pele, o que é um imenso absurdo.
Com relação ao nome, ele teve uso mais acentuado nas gerações passadas, por influência do romance de José de Alencar. Teve uma época que usar nomes indígenas nos filhos era um manifesto de rompimento com a cultura dominante europeia. Agora, ele é bastante raro em crianças e adolescentes.
Na lista oficial do estado de São Paulo, em 2014, não há nenhum registro de Iracema (ARPEN/SP). Já no ano de 2015 teve 2 meninas chamadas Iracema no estado de SP e em 2016, foram 3 registros.
Iracema é retratada em várias esculturas e pinturas de artistas brasileiros, entre elas:
Segundo o IBGE (Nomes no Brasil,
Censo 2010), até a data do Censo, eram 87.953 pessoas chamadas Iracema no Brasil, sendo que o destaque
fica por conta do Rio Grande do Sul – quem diria – que abriga 8.514 delas. Esse
total faz de Iracema o 182º nome
feminino mais usado no último século. A maioria dos registros de Iracema se deu nos anos 50: quase 21
mil das Iracema’s existentes conta
agora com seus 60 – 65 anos.
Iracema também nomeia três municípios brasileiros: um no Ceará, um
em Roraima e outro chama Iracema do
Oeste e se localiza no Paraná. Ainda há um Rio Iracema, localizado no estado de Santa Catarina.
Na lista oficial do estado de São Paulo, em 2014, não há nenhum registro de Iracema (ARPEN/SP). Já no ano de 2015 teve 2 meninas chamadas Iracema no estado de SP e em 2016, foram 3 registros.
Duas referências interessantes do
nome são Iracema de Alencar, atriz
brasileira e Iracema, pseudónimo
literário da poetisa Silvina Furtado de Sousa.
"Iracema" também é uma canção de Adoniran Barbosa:
Iracema
Adoniram Barbosa
Iracema, eu nunca mais que te vi
Iracema meu grande amor foi embora
Chorei, eu chorei de
dor porque
Iracema, meu grande amor foi você
Iracema, eu sempre dizia
Cuidado ao travessar
essas ruas
Eu falava, mas você não
me escutava não
Iracema você travessou contra mão
E hoje ela vive lá no
céu
E ela vive bem juntinho
de nosso Senhor
De lembranças guardo
somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato.
- Iracema, fartavam vinte dias pra o nosso casamento
Que nóis ia se casar
Você atravessou a São
João
Veio um carro, te pega
e te pincha no chão
Você foi para Assistência,
Iracema
O chofer não teve
curpa, Iracema
Paciência, Iracema, paciência
E hoje ela vive lá no
céu
E ela vive bem juntinho
de nosso Senhor
De lembranças guardo
somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato
Não somente isso, esse nome
batizou duas espécies de aranhas, a Iracema
hórrida e a Iracema cabocla.
Iracema é retratada em várias esculturas e pinturas de artistas brasileiros, entre elas:
Iracema" (1884), por José
Maria de Medeiros (1849-1925).
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"Iracema"
(1909), por Antônio Parreiras (1850-1937)
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Estátua de Iracema
(1996) na praia de Iracema, em Fortaleza, no Ceará
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Estátua de Iracema
(2004) na Lagoa da Messejana
em Messejana, em Fortaleza, no Ceará
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