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Não faz muito tempo publicamos
aqui no Blog um texto, retirado de um site de notícias português, onde uma
pequena Daenerys (uma das protagonistas de Game of Thrones, série inspirada nas
Crônicas de Gelo e Fogo, de George Martin) nascida em 2015 foi recebida com
estardalhaço na mídia local. É evidente que em Portugal, onde existe uma lista
de “nomes admitidos e não admitidos”, uma tentativa de purificar os nomes
portugueses a ponto de não permitir – ou permitir com restrições esdrúxulas,
como por exemplo, Jasmim ser nome masculino – nomes estrangeiros ou “sem tradição”
portuguesa, uma Daenerys deu o que falar. O nome literário, inspirado em uma
personagem, que por sua vez teve o nome inventado pelo autor, foi considerado
ousado por alguns, bonito por uma parcela mais aberta e totalmente despropositado
por outros.
No Brasil, poderiam nascer 1000
Daenerys que provavelmente, ninguém ligaria. Isso por que aqui, felizmente, não
vivemos numa ditadura relacionada a nomes próprios. Tecnicamente, os pais podem
registrar o nome que quiserem, desde que não seja constrangedor para a criança,
e dependendo muito do bom senso do cartorário. Assim, a variedade de nomes
registrados é imensa, assim como variações e grafias distintas: Em São Paulo,
no ano de 2015, conforme dados fornecidos pela Arpen/SP, foram registrados 15
652 nomes diferentes (somando masculinos e femininos).
Por isso, ninguém notou quando,
lá no final da lista, exibem-se glamorosas nada mais nada menos do que 5
meninas chamadas Katniss!
O nome Katniss foi usado para a protagonista da série Jogos Vorazes (The
Hunger Games) da autora Suzanne Collins. A trilogia, composta por “Jogos
Vorazes”, “Em Chamas” e “A Esperança” se equipara ao sucesso da hepatologia “Harry
Potter”. A saga completa já vendeu mais de 85 milhões de cópias em todo o
mundo, e faz parte dos livros mais vendidos da história. Como está virando
hábito com os livros de sucesso, a trilogia foi adaptada para quatro filmes, o
último dos quais foi lançado no último trimestre de 2015.
O primeiro filme foi lançado em
2012, e a protagonista Katniss Everdeen
foi interpretada pela atriz Jennifer Lawrence, e entre os fãs da saga incluíram-se
aqueles que não gostam de ler, mas adoram assistir as adaptações cinematográficas.
Os filmes são sucesso de bilheteria em todo o mundo, causando um lucro
exorbitante para a franquia. Uma legião de jovens é fã de Jogos Vorazes, e não é
incomum ver alguns usando um broche ou medalhão de tordo por aí.
Com tantos fãs assim, não é de
admirar mesmo que alguns pais/mães desejem homenagear a sua personagem
favorita, dando seu nome à uma filhinha. Assim, pelo menos em São Paulo, cinco
famílias receberam uma pequena Katniss,
o que não deixa de ser muito fofo! Geralmente, gosto muito da criatividade que
os autores tem para criar o nome de seus personagens e gosto mais ainda quando
eles caminham para a vida real.
“Ah, mas nome de personagens
foram inventados”. Sim, a maioria foi mesmo. Mas Luana, Vanessa, Pâmela,
Olívia, etc. vieram parar no rol dos nomes bastante usados nas gerações passadas
e nessa através de obras literárias, cinematográficas, enfim, artísticas, em
geral. Portanto, não vejo nenhum problema com Katniss ser transmutado para o mundo “real”.
Desde que ninguém resolva registrar "Kétiniss" para ilustrar uma possível pronúncia, é claro.
Além disso, Katniss não é um nome “inventado” por Suzanne Collins. Na verdade, Katniss é uma planta aquática, que
possui um tubérculo comestível, parecido remotamente com a batata doce. No próprio
livro, explica-se que o nome escolhido pelo pai é inspirado na planta, assim
como o da irmã mais nova, Primrose (prímula).
A planta Katniss é conhecida como batata pato ou batata cisne, mas também nomeada
como Sagittaria. E se traduzirmos do italiano para o inglês obtemos Arrowhead,
ou seja, Arrow Head – “Cabeça de flecha”,
ou “seta”, em razão de suas folhas serem alongadas. Um nome que cabe muito bem
na personagem, que tem uma habilidade incrível com arco e flecha.
Então, além de expressar o
carinho por um personagem literário favorito, o nome Katniss ainda tem uma ligação com a natureza, com a planta, e
abstraindo um pouco mais, com o arco e flecha. Assim, as pequenas Katniss nascidas em São Paulo no ano de
2015 – adoraria conhece-las! – tem sim um nome muito especial. Quanto à escrita
e pronúncia, num país que nomes estrangeiros são apreciados, e Jennifer, Jessica,
Stephanie e etc. são queridinhos de muitos pais, isso não deve ser problema.
Além das 5 Katniss que nasceram no Brasil, a Social Security dos Estados Unidos registrou o nascimento de 30 meninas chamadas Katniss no ano de 2015.
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