sexta-feira, 29 de abril de 2016

Michele, você não está na moda

A atriz Michelle Pfeiffer


Replicando o texto de
"O Tempo", artigos de "Opinião",
de Michele Borges da Costa. 

Somos 200.531 Micheles nascidas e registradas no Brasil, sendo que a maioria está aproveitando o sol do Rio de Janeiro e raríssimas levando a vida no Acre. Somos 0,11% da população e aparecemos em 82º lugar em popularidade, muito atrás de Anas, Marias ou Vitórias, mas bem à frente de Clarices e Cecílias.

Trombei com pouquíssimas por aí. Talvez porque em Belo Horizonte, no meio de 2.502.557 pessoas, existem apenas 2.841 xarás, boa parte experimentando a epifania que é ter mais de 30 anos. É que a explosão do nome aconteceu entre os anos 70 e 80, quando a quantidade de Micheles quintuplicou – em 1970, os cartórios contabilizaram 19.219; quando começou a década perdida, já éramos um exército de 96.162.

Minha teoria é que outros pais tenham versões diferentes para a mesma inspiração que convenceu os meus. É uma história singela e doce, com a melhor trilha sonora. Tia Bete, ao flagrar os dois dançando na sala, curtindo a barriga que ainda não tinha sido batizada, encontrou o nome na música que ocupava o apartamento da avenida Augusto de Lima. Foi a primeira vez que a rima “Michelle, ma belle” foi cantarolada em minha intenção, o que se repetiu muitas e muitas e muitas vezes desde então (todo mundo que tem música com o nome vai me entender).

Os Beatles lançaram a canção com climinha francês em 1965, mas como o delay daquela época obedecia ao ritmo da manivela e tudo era feito pra durar, não é exagero acreditar que tenha influenciado muita gente nos anos seguintes.

A partir dos anos 80 é que a coisa fica estranha e Michele sai da moda. No começo deste século, só 179 pessoas fizeram essa escolha do lado de cá da serra do Curral, enquanto 5.212 novas Júlias passaram a borboletear pelas ruas da capital mineira. É bem capaz que minha filha caçula nunca tenha o prazer de conhecer uma Michele da idade dela, do mesmo jeito que eu não fui apresentada a nenhuma Luna que se lembre do tempo em que a gente “entrava” na internet, em vez de morar nela.

Mas não me queixo de estar em desuso e tantas vezes ser a única nos ambientes que costumo frequentar. Pras minhas amigas Myxeli ou Michelhe deve ser muito pior.


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