Melisandre, interpretada pela atriz Carice Van Houten |
Nos Estados Unidos do ano
passado, nasceram 82 meninas chamadas Daenerys. Entretanto, nenhuma Melisandre. Acho até injusto, afinal, a
personagem da feiticeira vermelha é super
marcante. Claro que, na série, ela é mais cruel do que é dos nos livros,
sem querer dar spoiler de um ou de outro, mas a sua vilania e seus sacrifícios a
Rohllor provavelmente não ajudaram na popularidade do nome.
Conforme a descrição da
Wikipédia, “Melisandre é uma
personagem fictícia da série de livros A Song of Ice and Fire e da série de
televisão Game of Thrones. É uma sacerdotisa de R'hllor, o Senhor da Luz, sendo
também uma feiticeira capaz de utilizar sombras para cumprir a sua vontade”.
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Melisandre em pequena era chamada Melony, e foi vendida como
escrava ao templo vermelho. Ela lembra-se constantemente de "Lote
sete", que era provavelmente o lote a que ela pertencia no leilão de
escravos, segundo o que consta em “Dança dos Dragões”.
Entretanto, Melisandre cresceu bastante como personagem na 6ª temporada de Game
of Thrones, exibida este ano. Assim, o nome acaba chamando atenção. George R.R
Martin já revelou, em entrevistas, que inventa os nomes dos seus personagens a
partir de dicionários de nomes para bebês.
Melisandre não é um nome difícil de ser desvendado: tanto Mélisande como Melisende são formas medievais francesas de Millicent. Mélisande
inclusive foi usado por Maurice Maeterlinck para sua peça “Pelléas et Mélisande”
(1893), que depois foi adaptado para uma ópera de Claude Debussy. Todas essas
versões vem de Amalasuintha, composto
dos elementos “amal” (trabalho) e “swinth” (forte), de origem germânica. Amalasuintha era uma rainha dos
ostrogodos no século 6. Os normandos introduziram o nome na Inglaterra como Melisent ou Melisende, o que evoluiu para Mélisande
em francês. Melisende foi inclusive,
uma rainha de Jerusalém no século XII, filha de Balduino II.
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Obviamente, o som de Mélisande e de Melisandre é praticamente o mesmo. No entanto, podemos juntar
elementos gregos e formar esse nome: o grego μελαινα (melaina), que significa “preto,
negro”, é usado em nomes como Melanie ou Melânia, enquanto “andre” lembra
imediatamente nomes como Cassandra (que curiosamente sempre foi associado à feitiçaria),
e vem do grego “andros”, que significa “homem” (está presente em André,
Lisandra, Alexandre, Evandro, etc.). Melisandre
formaria algo como “homem negro”, possivelmente não referindo à cor de
pele, mas a aura sombria da feiticeira, empenhada a conquistar seus fins
independente dos meios que vai utilizar.
Assim, não faltaram inspirações
para G.R.R Martin compor o nome Melisandre.
Ocorre que, justamente por ser tão semelhante à Cassandra, Lisandra, Alexandra,
em termos de terminação, ele é um dos nomes que mais me soa familiar dentro do
mundo de gelo e fogo e da série Game of Thrones. Até mesmo arrisco pensar que
teria sido infinitamente melhor se Martin tivesse usado Melisandra, nessa terminação. No Brasil, estamos imensamente
acostumados com o nome Elisandra, um “M” na frente seria facilmente aceito sem
maiores reclamações.
Curiosamente, parece que não fui
a primeira a pensar isso: segundo dados do IBGE, temos no território brasileiro
33 mulheres chamadas Melisandra, e
mais 47 chamadas Melissandra. Como
os nascimentos foram bem antes do livro ou da série, o nome delas fica por
conta da junção de “Melissa” com “Sandra” ou coisa que o valha. Mas as Melisandra’s e Melissandra’s existem.
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