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Texto originalmente publicado
no Blog dos Nomes, de autoria de
Roberta de Aguiar.
Para ler o texto original,
Nomes unissex são um universo à parte.
Geralmente quando vejo alguém pedindo auxílio para encontrar um bom nome as
frases que acompanham a solicitação costumam ser: ‘quero um nome delicado para
minha princesa’, ‘um nome elegante para minha mocinha’, ‘um forte para meu
rapaz’, etc. Tem aqueles que separam os nomes entre ‘os que acabam em A para
meninas e os que acabam em O para meninos’. Ou ainda dizem ‘quero um nome que
fique claro que é masculino’.
Mas existem, perdidos no mundo dos
nomes, aqueles que, além de não identificarem imediatamente o gênero, são ainda
para ambos. E tem muita gente que gosta deles. Ou porque gostam de um
determinado nome unissex, ou porque gostam de toda essa classe.
Quem não conhece alguém com nome unissex? Não falo, entretanto,
daqueles que receberam um nome claramente do sexo oposto (quando, p.e., os pais
queriam muito um menino, veio a menina e mantiveram o nome), ou daqueles
compostos costumeiros em Portugal, onde o primeiro nome é do gênero de
nascimento da criança e o segundo do oposto, como Maria João e João Maria. Falo
mesmo daqueles que em português são para ambos os sexos, ou são masculinos em
uma determinada língua e femininos em outra.
Eu conheço algumas (ou várias) pessoas
com nome unissex. Um exemplo, Leonor, nome tradicional e hoje
popular em Portugal, comum na aristocracia e realeza, autorizado somente para o
feminino (e quem em PT não dirá que não apenas é feminino, quanto mais de
princesa?). No Brasil é usado largamente no masculino. Por mera curiosidade fiz
uma enquete com amigos, todos disseram se tratar de um nome masculino. Fui
então pesquisar na empresa onde trabalho. Encontrei 4 Leonores, 2 mulheres e 2
homens. Aqui no além-mar é unissex.
Também já vi quem tenha escolhido
um nome unissex, e fosse o que fosse o bebê, receberia o tal. E
recebeu. Tenho uma parente e um professor com o mesmo nome. E tenho eu mesma
uma filha com nome unissex, ainda que em países lusófonos seja
claramente um nome feminino, em algumas línguas é masculino e em outras unissex. E um colega de trabalho meu
conta com o mesmo nome da minha menina, apesar de achar que ele não gosta do
próprio nome.
E de ler por aí, também vi quem procure
um nome unissex por não querer tipificar um gênero ao filho.
Deseja encontrar um nome que se a de que a ambos os gêneros, para que o filho,
ao crescer, tenha a oportunidade de escolher ao qual se identifica, sem se
sentir preso aos estigmas da sociedade, que determina as ações humanas desde o
berço, a partir do sexo biológico. Uma postura, para mim, válida. Ainda que não
seja o meu motivo para gostar de nomes unissex.
Talvez seja preciso uma certa dose de
ousadia escolher dar a um filho/a um nome unissex, já que fica
claro que o interlocutor não irá perceber de pronto qual o gênero, mas também
logo descoberto, não causará maiores dificuldades. Talvez hajam piadas sobre
feminino/masculino, mas qual nome não pode gerar gracejos? Penso eu ser bem uma
classe de nomes válidos e utilizáveis, talvez apenas devendo-se tomar cuidado
para não colocar um nome que em outra língua é do gênero de seu filho e na
nossa do oposto, como dar a uma menina brasileira o nome de Yuri, tão ligado
aqui a meninos. E mesmo assim, isso não me horroriza. Talvez seja só aquela
velha conversa, de que devemos não apenas nos ater ao nosso gosto, mas pensar
na vida e nas vivências pelas quais nossas crianças passarão.
Roberta de Aguiar (O Blog dos Nomes)
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