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Angerona é um nome romano. Como a maioria dos nomes de origem
etrusca, seu significado é desconhecido. Angerona
era a deusa romana do solstício de inverno, da morte e do silêncio. O seu
festival era chamado de Angeronalia e
celebrado no dia 21 de dezembro, quando sacerdotes ofereciam sacrifícios à ela,
que geralmente era representada em forma de estátuas que tinham a boca
enfaixada e o dedo pressionado nos lábios exigindo silêncio.
Estudiosos associam o nome da
deusa à palavra “angina”, que vem do
verbo “angere”, que significa “oprimir, apertar, atormentar”, e hoje nomeia uma
doença cardíaca, que tem justamente esses sintomas, ou seja, dor intensa no
peito que se manifesta por dificuldades de respiração. É causada pelo
estreitamento das artérias que conduzem sangue ao coração.
A dor e a angústia causadas pela
falta de luz e pelo frio no inverno são chamadas de “angor”, e no latim, a palavra Angustiae,
da qual deriva “angústia”, teriam a ver com o nome da deusa Angerona e suas qualidades, ou seja,
ajudar os homens a superarem os desagrados do inverno, dar-lhes o sossego da morte
quando a doença e sofrimento lhes eram insuportáveis, entre outros.
Também considera-se que o nome
das deusas romanas que terminam no sufixo –ona denotariam a função de ajudar
seus adoradores a superar um determinado tempo ou condição de crise,
exemplificando com Belona (permite
atravessar a guerra da melhor forma possível), Orbona (que ajuda os pais que perderam um filho), Pellonia (que empurra os inimigos para
longe), Fessonia (que permite aos
viajantes superar o cansaço), Pomona
(que ajuda na produção de frutas em abundância), etc.
As duas sílabas iniciais são
comuns à Ângela, Angelina, Angélica,
Angelita, e tantos outros, o que deve dar alguma familiaridade ao nome,
considerando que a princípio, ele parece áspero, brusco, até mesmo um tanto
violento.
Mas as duas sílabas finais é que
dão a tonalidade excêntrica ao nome: para começar, nomes femininos terminados
com “ona” são desapreciados em sua
totalidade no Brasil. O único nome que aparece na lista da Arpen/SP de 2015 é Leona, e o caso é finito por aí. O que
eu mais gosto, sem sombra de dúvida, é Fiona,
então, para mim Angerona não soa tão
farpado. Nomes terminados em –rona são mais raros ainda, para não dizer
inexistentes.
Angerona é um nome sem dúvida atrevido, sem precedentes, difícil
até de falar sobre ele muito além das nossas próprias impressões. Eu não acho
que ele chegue a ser grosseiro, duro, bruto, mas é com certeza um nome do qual
dificilmente alguém se esqueceria. É daquelas nomenclaturas que deixam marcas
profundas, e mesmo que se passe 10 ou 20 anos, as pessoas lembram do indivíduo
que conheceram, só pela sensação de individualidade e até mesmo de
estranhamento que o nome proporciona.
Minhas impressões, entretanto,
estão muito mais ligadas ao universo hippie e literal: Angerona é quase igual em grafia e pronúncia à manjerona, uma erva
muito apreciada para temperos e até mesmo, chás e benzeduras.
Angerona também é um gênero de traça na família Geometridae. Geograficamente,
Angerona é o nome dado a uma
comunidade independente de Jackson County, na Virgínia.
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